De polinizador de pinha a coordenador de curso: trajetória mostra o poder transformador da educação 

“Educar é plantar sementes que florescem no tempo certo.”  A frase resume a trajetória real e inspiradora do coordenador do curso de Odontologia da Faculdade Ages de Irecê, professor Romário Mendes Miranda, de 30 anos. 

Nascido em Presidente Dutra, município localizado na região Centro-Norte da Bahia, a cerca de 496 km de Salvador, e reconhecido nacionalmente como a capital da pinha, Romário é prova de que a educação é capaz de transformar não apenas destinos individuais, mas também a realidade de famílias e comunidades inteiras. 

Desde cedo, sua rotina começava antes do nascer do sol. Logo às 4h30 da manhã, ele já se preparava para trabalhar como polinizador de pinha, profissão da qual se orgulha profundamente e que exerceu por sete anos. “O trabalho de polinização não é pesado, mas exige disciplina. É preciso começar cedo, quando as flores estão ideais para a retirada do pólen”, relembra. 

Natural de uma terra marcada pela força da agricultura e pelo perfume doce das plantações de pinha, Romário também ajudava em outras etapas da colheita, com uma vida simples, mas guiada pela determinação. Foi esse mesmo senso de disciplina que o conduziu a uma decisão transformadora: deixar o campo e seguir para a capital, contando apenas com o apoio de alguns familiares e com o incentivo de políticas públicas, como o Bolsa Família. 

A primeira grande conquista veio com a aprovação no curso técnico em Biocombustíveis no O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA). “A educação me fez acreditar que o futuro seria um lugar melhor”, recorda. A partir dali, Romário não parou mais: cursou Odontologia com bolsa integral em uma instituição particular, concluiu o mestrado, realizou pós-graduação na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e, com apenas alguns anos de formado, assumiu a coordenação do curso de Odontologia da Ages, instituição que ele descreve como “um espaço de transformação e esperança”. 

Mas o desejo de ser dentista, conta ele, parecia distante demais no início. “Saber que eu poderia aliviar a dor das pessoas foi o que me motivou a correr atrás desse sonho”, afirma. Com o tempo, o consultório deixou de ser o ponto de chegada para se tornar o ponto de partida. Foi durante a graduação que Romário descobriu também a paixão por ensinar.  

A inspiração pela docência veio pelas mãos de professoras que marcaram sua trajetória, Carla Reis e Tila Fortuna, a quem faz questão de homenagear. “Sempre procurei me dedicar às atividades de extensão para construir um currículo digno de ingressar na pós-graduação. Participar do processo seletivo para o mestrado foi, e continua sendo, uma realização pessoal inexplicável”. 

 Hoje, o professor Romário carrega consigo não apenas um currículo admirável, mas uma missão: inspirar novos caminhos por meio da educação. “Ser professor é perceber que tudo valeu a pena. É plantar sementes e ver o florescer de novas trajetórias. Ser formador de opinião diante de pessoas que te admiram é algo lindo de se viver.”