
A manipulação de sistemas judiciais tem se tornado uma preocupação crescente no Brasil. Recentemente, dois casos distintos, mas com elementos semelhantes, chamaram a atenção da opinião pública: a invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ligada à deputada Carla Zambelli e ao hacker Walter Delgatti Neto, e a inserção fraudulenta de um mandado de prisão contra o empresário e ex-candidato a prefeito de Irecê, Figueredo.
O Caso de Carla Zambelli e Walter Delgatti Neto
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) enfrenta uma situação jurídica delicada. Após ser condenada à inelegibilidade pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), a Procuradoria-Geral da República (PGR) também pediu sua condenação por envolvimento na invasão do sistema do CNJ.
Walter Delgatti Neto, conhecido por envolvimento no escândalo da Vaza Jato, teria alterado ilegalmente informações dentro do sistema, supostamente a pedido de Zambelli. O objetivo, segundo as investigações, era criar uma narrativa que beneficiasse politicamente determinados grupos. A PGR apontou a gravidade do caso, destacando a violação da segurança institucional e a quebra da fé pública.
O Caso de Figueredo em Irecê
De maneira semelhante, o empresário Figueredo, ex-candidato a prefeito de Irecê, foi vítima de um esquema fraudulento que incluiu um falso mandado de prisão em seu nome. O documento foi inserido ilegalmente no sistema judicial da cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, e divulgado em setembro, causando grande impacto na sua reputação política e empresarial.
As investigações indicam que o mandado pode ter sido incluído através de uma invasão hacker ou pelo uso indevido do login de um servidor do Judiciário. Figueredo nunca esteve em Gramado, e a fraude levantou sérios questionamentos sobre a segurança dos sistemas eletrônicos da Justiça brasileira.
O Elo Entre os Casos
Os dois episódios compartilham um aspecto preocupante: o uso criminoso de sistemas judiciais para fins políticos e pessoais. No caso de Zambelli, a suposta intenção era criar um falso mandado contra o ministro Alexandre de Moraes para desacreditar o Supremo Tribunal Federal (STF). Já no caso de Figueredo, a falsificação parece ter sido uma tentativa de desmoralizá-lo em meio às eleições municipais.
Ambas as situações expõem vulnerabilidades graves no sistema judicial brasileiro e reforçam a necessidade de medidas mais rigorosas contra a invasão de dados e falsificações. Em um momento onde a confiança na Justiça é essencial para a democracia, episódios como esses levantam um alerta sobre os riscos de manipulação digital e a importância de sistemas mais seguros e monitorados.